sexta-feira, 26 de maio de 2006

Vida que te escoas





Lentamente escorro pelos degraus da vida,
deslizo sobre cada ranhura, cada saliência do percurso,
desvaneço-me por entre socalcos e pequenas falhas,
encontro-me de novo em terreno plano, horizontal,
linear e regular como um dia banal.

Por entre pedras da calçada vejo pegadas do que fui,
marcas do que procuro ser,
reflexos de quem sou.
Inacabada e imperfeita mas perseverante.
Procuro em mim um ser melhor,
tenho ganas de saber, de crescer, de descobrir.
Ganas de viver, de aprender, de partilhar!
Ganas de não deixar passar nada, de aproveitar tudo,
de sugar a vida com todo o ar que os meus pulmões sejam capazes de albergar.
Sentir o pulsar vibrante de um corpo metálico de duas rodas,
sentir o vento no corpo e a adrenalina nas veias,
palmilhar alcatrão por terras desconhecidas,
viver vidas intensas,
olhar para trás e sorrir, olhar para a frente e sonhar...
Gritar bem alto e dizer: Vivi!!

terça-feira, 23 de maio de 2006


Final de tarde


O Sol punha-se no horizonte, alaranjado e reconfortante, as nuvens afavelmente acompanhavam-no, com os seus laivos mesclados de cor, assinalando o final de mais um dia. A caneca sobre o degrau do alpendre exalava o morno do seu conteúdo e Carolina procurava em cada golada, daquele translúcido líquido, o refúgio das preocupações, das agruras que a rondavam ultimamente. Num suspiro vago contempla o chá que vai bebericando, o reflexo que vê nele já não a surpreende, as olheiras negras dão-lhe um ar quase sexy, não fosse a sua constância.
Junto ao seu pátio, algumas crianças brincam animadamente ao berlinde, despreocupadas e sorridentes. Vêem-se pais e filhos numa animada disputa de bola, casais enamorados, rostos joviais. Mas que quadro perfeito – pensou Carolina enquanto sorvia mais um pouco do seu chá de tília, “mas que quadro perfeito…”.
A noite caiu e a rua ficou deserta, a única coisa que passava por si eram folhas a rolar pelo alpendre, convidando a recolher. A caneca está vazia e fria. Carolina estava sentada naquele degrau de madeira havia horas. Lentamente começa a erguer-se, apoiando-se no corrimão da escada, fita o céu agora estrelado e suspira. Não vieste… - diz em surdina e entra em casa.

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Fugaz




A Queima veio... a Queima passou... fui ao Campeonato... fui ao Cortejo... fui, aconteceu, passou...

Passou como tudo passa por mim nos últimos tempos, só nada fica, nada se mantém, tudo é fugaz e passageiro, como um comboio que não consigo apanhar, por mais que corra, por mais que me esforce... a vida foge-me, estou presa a finas cordas imaginárias que me impedem de sair do mesmo ponto insignificante em que me encontro.

Que desalento, contemplar o percurso e não parecer encontrar fundamento, pertinência, concretização. Os dias sucedem-se, os meses, os anos... pessoas, sítios, lugares, uma mutabilidade que me cativa mas que me aprisiona numa inexistência de laços constantes.

Preciso evadir-me dentro de mim própria, reflectir, decidir, avaliar… perceber o que me trouxe a este ponto e fazer a viragem, equacionar uma nova via, onde quer que ela me leve… longe, perto… não importa onde… desde que quebre barreiras para um futuro com garra, prazeiroso de viver.

quinta-feira, 11 de maio de 2006

Smile

by Charlie Chaplin




















Smile, though your heart is aching
Smile, even though it’s breaking
When there are clouds in the sky
you’ll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You’ll see the sun come shining through
for you

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That’s the time you must keep on trying
Smile what’s the use of crying
You’ll find that life is still worthwhile
If you’ll just
Smile